quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Amor & Paixão



Minha caneta se inclina,
na procura do melhor ângulo
cria um clima.
        
Em seu olhar enviesado penetra,
busca o melhor verso
no reverso de sua íris.

Vasculha a sua alma,
busca uma razão, uma vazão,
para as águas de minha emoção,

onde os dedos de meu querer tocam o céu,
meus sonhos se deitam em brancas nuvens.
Sou puro coração, sou amor, sou paixão.

Além os Girassóis


Fiquei olhando
pelas frestas de seu devaneio.
Você, de tão atento
às estrelas distraídas 
de seu pensamento,
nem percebeu,
nem viu
que atrás das cortinas
haviam estrelas mais brilhantes.
Sempre venho nesse céu
e colho lírios de seus delírios.
E você,
sempre tão distraído
entre os girassóis...

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Pulsões


 
Fico eu ensimesmada,
de onde vem
esse absurdo
Som surdo
que me entra?
Nesse pulsar prefixo
meu “id” prolixo
represa-me as águas.
Carrasco de mim,
transborda-me,
encharca
margens sem fim.

Vulcano


 
Se minha face Juno
entrego aos ventos
em tom profano,
Vulcano, meu rebento,
em festa entrego ao mar.
Pelas frestas
do mar em sussurro
correm lavas
em pensamentos.
Entres urros incandescentes
migram palavras magma
que lavam
e marcam a ferro e fogo
a minha alma.

Duelo de Titãs

Entre rabiscos, sombras e luz
algozes se formam
feito desenho de ornato.
Ouço passos,
 demônios caricatos no telhado
pisoteiam os lírios do campo.
Ouço vozes,
lira de anjos,
cânticos sublimados,
querubins e serafins.
Duelo de titãs
Jaz em mim
entre moinhos de vento.

Pulsar das Letras

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Em minhas veias,
feito Naja
serpenteiam,
letras pulsantes.
A estase me rodeia,
assombra a poesia.
Mas na taquicardia da alma,
palavras afiadas
abrem frestas,
conjuram a meu favor.

Sedução


 
No prado de teu olhar
o murmurinho dos girassóis
me esvaziam dos silêncios.
Teus sussurros de sol
torturam minha pele,
escorrem pela terra,
me encontram
onde os sentidos me traem
e abandonam.

Violinos


 
Minha alma dá as mãos
aos acordes de “Bach”.
Juntos caminham sob cerejeiras floridas,
percorrem dourados trigais,
se perdem em labirintos  canaviais,
voam das montanhas ao cais.
A melodia atrevida
dedilha em minha cintura
partituras, poemetos madrigais,
sussurra a meus ouvidos
sonatas surreais.
Enquanto ao olvido
a carne se entrega
e no vácuo se ajeita,
a alma rebelde a rejeita,
a voltar se nega...
Segue a bailar glamorosa
entre as estrelas de “Bach”.

Pomba Enamorada


Correm meus dedos longos
 pelos velhos livros na estante, 
enquanto em meus pensamentos
correm lembranças,
doces momentos.
Sobre meus dedos
pousa a “pomba enamorada”
trazendo em seu bico
aquela rubra rosa.
Aquela rosa
que se fez testemunha
de amor consumado
em versos e prosa,
com rima ou sem rima,
mas sempre no compasso
do amante apaixonado
que você foi em meus braços.
O cheiro da rosa envelhecida
trouxe-me a maresia
e o sol de sua pele.
Suas notas indecifráveis
nas margens, são viagens,
lembranças de desejos
e segredos inconfessáveis.
Segredos de um amor
que a pomba enamorada
também testemunhou.

Pomba do Horizonte


 
Voa minha liberdade!
  pelos caminhos do céu,
teu destino está nas asas do vento.
Encontre tua morada lá em meio às estrelas
onde teus sonhos se derramam em cascatas.
Voa acima das nuvens,
Pois é onde o sol te aguarda
para tecer-te o manto dourado da vitória.
Vá minha liberdade,mas vá sem medo,
de peito aberto e desejos pululantes.
O mundo cabe em meus olhos
e o infinito em meus braços,
mas os sonhos não cabem
nos porões úmidos
e sombrios  da amargura.
Rompa os grilhões tirano,
os elos da opressão,
se tiveres que adormecer
que seja entre os lírios celestes,
pois o infinito é teu limite
e tu és a “pomba do horizonte”,
aquela que o “Elton” cantou
e ao mundo emprestou o teu sonho.

Estrelas Mortas


 
Quando já se tocou as estrelas do céu
com os dedos da alma
e sentiu nos lábios
o seu doce mel,
como se contentar com o fel
de estrelas mortas
vomitadas  em ressaca
de um mar de neuras
que se esconde
à sombra de Dionísio?

Moinhos de Ilusão


 
Não chores em vão.
Não vês que tua lágrima corre
e no reboque do leito seco
não há palavra que te toque
na ponta da língua?
Os lobos uivam lá fora.
Os arrepios adentram
as frestas do pensamento.
Sob  pontes sussurradas
águas rolam de incerteza,
e vão polindo
 e cantando
sobre as dores das pedras...
... água passadas
só movem
moinhos de ilusão.

Cochicho de Flores


 
À cada dia se morre um pouco,
ou se mata.
Romântico ou louco,
não importa.
 A cada dor
envelheço palavras
nas adegas do anoitecer.
Cubro-as com colchas
de retalho de silêncios
e sussurros de mar e estrelas.
À cada gota de amor
amanheço poema
e cochicho de flores...

Olhos d'Água

Rebentos cristalinos
do ventre fecundo,
do seio profundo,
Caparaó,menina dos olhos.
A vida lhe sorri pelos lábios da mãe,
escorre e corre para o abraço,
nina nos braços
Esquerdo e Norte,
do berço para a morte.
Sumidouro,
ouro, de tolo
onde há fumaça sem fogo.
Véu de noiva
grinalda de orquídeas.
Águas de cheiro
perfumam as ninfas,
alecrim, manacá, jasmim.
Serpenteia ao léu
no jardim do éden,
sem maçã,
sob o anil do céu.
Chora o céu
a tristeza de Deus,
na dor da margem do meio
rasga o seio,
sangra
tinge o mar,
inunda olhos d’águas
nas mágoas do matuto
sem lágrimas para chorar.

 

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Noite de Brinde


Sem pedir licença
vou invadir-te o espaço
transgredir tua crença.
Vou nua de disfarce,
beijar-te de faces em fases;
e em versos lunares
serei tudo que desejares,
doces licores
suaves manjares
todos sabores,
todos pensares.
Não fecha a cortina,
Hoje é noite de brinde...
Fecha teus olhos
e imagina
antes que a lua se vá
e o sonho se finde.

Plenitude



A metade que te beija
É a mesma que deseja
Por inteiro estar
Envolvida em teu manto
De remanso prata.
A metade que se oculta
É a essência da mesma
Sem finitude
Que se misturou em ti.
Cala-te nesse beijo
Que teu coração escuta
A amplitude
Na plenitude do existir.
Basta sentir!

Revés



Há sempre uma ferida narcísica,
Uma voz tísica,
Um nó.
Há uma dor física
Que dói sem dó.
Pulsa veia lírica,
Toda palavra mística
Expulsa o pó.

Traje



Quando fico assim
Toda lua e louca,
Quero sair por aí
E encontrar a tua boca.
Quando te vejo assim,
Tua voz rouca
Ao pé do meu ouvido
É meio
Que justifica fim.
Enfim,
Vou pratear o teu sorriso
E colher estrelas
No céu da tua boca.
Toda lua...
Toda nua e louca.
Não se é ultraje
Mas dizem que esse traje
Até que me cai bem.

Esfinge


Feito loba
uivo para a lua,
meus poros farejam
tua carne crua.
Meu desejo saliva
ao ver-te acuado
com teus versos
escapando entre os dedos.
Decifra-me
ou te devoro...
Apressa-te
o dia não tarda raiar.

In Petrus



Leme versos pensantes
d’onde venho
leme pedras navegar.
Poemas em crista de ondas
beijam magmas
incandescentes a cristalizar.
Quem me diz,
quem me chama,
quem há de calar
a voz que vem nos ventos
nessas pedras navegar?

Ironia



De que vale toda ciência
Se a reminiscência
Não te acompanhar?
De que vale toda ciência
Se em tua parca consciência
O mundo sensível te enganar?
De que vale toda ciência
Se só no grito
A tal resiliência
Tu consegues alcançar?
De que vale toda ciência
Se as reticências de teu verso
Não conferem anuência
Ao universo
Para o mundo das idéias alcançar?

Efeito



Em minha melhor fase,
visto meu nobre traje.
Vou prateando
tua face humana
e desse homem de fases
desvendo a face profana.
Um uivar
rasga a madrugada...
Será lamento,
súplica
ou encantamento?
Ah, se asas tivesses
por um momento!

Alamandas



Alamandas são versos de um poema
que a natureza compõe
onde a perfeição e a beleza
são as rimas mais perfeitas.
Agraciam meus olhos
com seu balé divinal
ao som da lira dos ventos,
acariciam minha alma
com dedos sublimes;
tocam meus sentimentos.